Pobreza e as Dificuldades de Leitura: Desigualdades Sócioeconômicas Refletem na Educação e Impacto É Maior na Amazônia

Em análise realizada pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) com base noss microdados do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), pesquisa realizada em 2021,  evidencia desigualdades preocupantes. Os estudantes com menor nível socioeconômico (NSE) têm pior desempenho em leitura, e quase metade deles tem nível de aprendizado considerado “abaixo do básico”. No Brasil, enquanto 83,9% dos alunos do 4º ano do ensino fundamental com renda mais alta têm acesso a um aprendizado adequado em leitura, apenas um a cada quatro (26,1%) estudantes mais pobres alcança esse aprendizado.Entre os alunos brasileiros do sexo masculino, 44,1% têm desempenho abaixo do básico em leitura, percentual superior ao registrado entre meninas, que é de 33,3%. Apesar de as diferenças serem menores no grupo de alto desempenho, ainda permanecem: 9,7% dos meninos alcançam esse nível, em comparação com 12,7% das meninas (Agência Brasil).

O contato prévio com a leitura antes do ensino fundamental também faz diferença. Alunos que tiveram contato frequente com a leitura antes desta etapa apresentam maior chance de aprendizado adequado (49,7%) do que aqueles que tiveram esse contato apenas “às vezes” (36%).

A falta de contato com a leitura antes do ensino fundamental e o baixo hábito de leitura entre os pais são fatores que agravam a situação. Crianças cujos pais não gostam de ler têm um aprendizado adequado em leitura significativamente menor (32,6%) em comparação com aquelas cujos pais têm o hábito de leitura (47,6%).

A educação é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento humano e social, mas no Brasil, especialmente na Amazônia, ela enfrenta desafios profundos. A leitura, uma competência fundamental para o aprendizado em diversas disciplinas, revela desigualdades que impactam diretamente os estudantes da região, onde a pobreza alcança mais da metade das famílias.

As dificuldades de leitura não apenas limitam o aprendizado acadêmico, mas também restringem o desenvolvimento social e profissional dos estudantes. Na Amazônia, onde muitos jovens dependem da educação para escapar do ciclo de pobreza, a falta de proficiência em leitura perpetua desigualdades e limita o acesso a melhores oportunidades de trabalho.

Conforme destacado pelo diretor-fundador do Iede, a leitura não é apenas uma habilidade ligada à língua portuguesa, mas uma competência que permeia todas as áreas do conhecimento, como ciências sociais e naturais. No entanto, os dados mostram que muitos alunos brasileiros, especialmente os mais pobres, têm desempenho abaixo do básico em leitura. Na Amazônia, onde as taxas de pobreza são alarmantes, essa realidade é ainda mais evidente.

Impacto nos estudantes da Amazônia

A pobreza na região amazônica é um fator determinante para as dificuldades educacionais. Cerca de 20,9% da população vive abaixo da linha de pobreza, e 9,7% estão em extrema pobreza. Essa vulnerabilidade socioeconômica reflete diretamente na qualidade da educação e no acesso a recursos básicos, como livros e infraestrutura escolar. Estudantes que enfrentam essas condições têm menos oportunidades de desenvolver habilidades de leitura adequadas, o que compromete seu desempenho em disciplinas como matemática, ciências e história.

Para enfrentar esses desafios, é essencial implementar políticas educacionais que promovam a equidade. Isso inclui direcionar recursos para escolas em áreas vulneráveis, garantir infraestrutura adequada e atrair professores qualificados para a região. Além disso, é necessário incentivar o hábito de leitura desde cedo, tanto nas escolas quanto nas famílias.

A Amazônia, com sua riqueza cultural e biodiversidade, merece uma educação que reflita seu potencial e ofereça oportunidades iguais para todos os seus habitantes. Investir na leitura e na educação é investir no futuro da região e de seus jovens. 

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