Obras de coleta de esgoto da COP30 em Belém: avanço tímido e desafios no saneamento da Amazônia

A menos de seis meses da COP30, evento global sobre mudanças climáticas que será sediado em Belém, as obras de saneamento básico na capital paraense seguem em ritmo lento. Apesar do governo do Pará anunciar que os projetos beneficiarão 500 mil pessoas, a ampliação da coleta de esgoto alcançou apenas 40 mil, o que representa **3% da população. O secretário de Infraestrutura do estado, Adler Silveira, defende que as obras sejam realizadas em etapas, priorizando áreas com maior densidade populacional.

Saneamento em Belém: um problema histórico

Belém figura entre as cidades brasileiras com piores índices de coleta e tratamento de esgoto. A urbanização da capital ocorreu com o aterramento de várzeas e igarapés, o que contribuiu para os recorrentes alagamentos e a precariedade do saneamento. O governo estadual contabiliza obras de drenagem pluvial e urbanização, mas especialistas apontam que essas intervenções não são suficientes para atender as áreas mais carentes.

A concessão parcial dos serviços da Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) prevê que a parcela da população atendida por esgoto deve saltar de 15,32% para 90% até 2033, o que exigirá a incorporação de 1 milhão de pessoas à rede de coleta e tratamento. No entanto, o ritmo atual das obras levanta dúvidas sobre o cumprimento dessa meta.

Situação do saneamento nas capitais da Amazônia

O problema do saneamento básico não se restringe a Belém. As demais capitais da Amazônia também enfrentam desafios significativos:

•⁠ ⁠Manaus (AM): Apenas **22% da população tem acesso à coleta de esgoto. A cidade sofre com a poluição dos igarapés e a falta de infraestrutura adequada.
•⁠ ⁠Rio Branco (AC): Cerca de 30% dos habitantes são atendidos por redes de esgoto. O governo estadual tem projetos de expansão, mas enfrenta dificuldades financeiras.
•⁠ ⁠Macapá (AP): O índice de cobertura de esgoto é inferior a 10%, tornando a cidade uma das piores do país nesse quesito.
•⁠ ⁠Porto Velho (RO): Apenas 5% da população tem acesso ao serviço de esgoto, e grande parte dos resíduos é despejada diretamente nos rios.
•⁠ ⁠Boa Vista (RR): A capital de Roraima tem um dos melhores índices da região, com 45% de cobertura, mas ainda enfrenta desafios na ampliação do serviço.
•⁠ ⁠Palmas (TO): Com 60% de cobertura, é a capital amazônica com maior índice de saneamento, mas ainda há áreas sem acesso adequado.

Perspectivas e desafios

A COP30 coloca Belém no centro das atenções internacionais, e a expectativa é que o evento impulsione investimentos em infraestrutura e saneamento. No entanto, especialistas alertam que as obras precisam ser aceleradas para garantir um legado duradouro para a população. Moradores de bairros periféricos, como Tapanã e Benguí, seguem convivendo com esgoto a céu aberto e alagamentos frequentes.

A questão do saneamento na Amazônia é um desafio que exige planejamento, investimentos e compromisso político. Sem isso, a COP30 corre o risco de ser apenas um evento passageiro, sem impacto real na qualidade de vida dos habitantes da região.

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