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Polêmica dos Bebês Reborn Ganha Espaço nas Câmaras Municipais

Nos últimos meses, o debate sobre os chamados bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos — tem se intensificado nas câmaras municipais das capitais da Amazônia. O tema, que inicialmente era restrito a colecionadores e pessoas em luto, agora se tornou alvo de discursos políticos e propostas legislativas.

Manaus no Centro da Controvérsia

Na Câmara Municipal de Manaus, o vereador Mitoso (MDB) fez um discurso contundente contra a popularização dos bebês reborn, classificando o fenômeno como uma ameaça aos valores cristãos e à estrutura familiar. Segundo ele, a prática de tratar bonecas como filhos representa uma “inversão da sociedade” e um risco para os princípios religiosos. O parlamentar também criticou a iniciativa da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que aprovou a criação do Dia da Cegonha Reborn, alegando que isso reforça uma “sociedade doente”.

Projetos de Lei e Reações

A discussão sobre os bebês reborn não se limita a Manaus. Em diversas cidades brasileiras, parlamentares de direita têm apresentado projetos de lei para proibir o atendimento de bonecas em unidades de saúde pública. Segundo levantamento, ao menos 25 propostas foram protocoladas em diferentes esferas legislativas, incluindo câmaras municipais e assembleias estaduais. Os textos justificam que a prática pode representar desperdício de recursos públicos e prejudicar o atendimento de pessoas reais que necessitam de serviços médicos.

Apesar da ofensiva política, especialistas apontam que há poucos registros de casos reais envolvendo bebês reborn em unidades de saúde. Um levantamento realizado pelo UOL mostrou que apenas um caso foi oficialmente registrado, ocorrido em Guanambi, na Bahia, onde uma jovem com transtorno psiquiátrico tentou atendimento para sua boneca em uma UPA.

Impacto Social e Debate Público

A polêmica gerou grande repercussão nas redes sociais, dividindo opiniões entre aqueles que defendem a liberdade individual e os que veem a prática como um problema social. Além disso, a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP) apresentou um projeto de lei propondo atendimento psicológico gratuito para pessoas que desenvolvem sofrimento mental devido a vínculos afetivos excessivos com os bonecos. A proposta prevê acolhimento humanizado e acompanhamento terapêutico para os envolvidos.

Enquanto o debate avança nas câmaras municipais da Amazônia e em outras regiões do país, a questão dos bebês reborn segue como um tema controverso, levantando reflexões sobre saúde mental, liberdade individual e os limites da intervenção política em práticas pessoais.

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